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Jornalismo Cultural

Assim como o Marcelo, muitos de nós questionamos o jornalismo existente. Façamos diferente, vamos resgatar o caráter social do Jornalismo! Grandes mudanças só são executadas quando alguém se dispõe a implementa-lá. Vamos dar o primeiro passo, que com certeza, um dia a conquista será em benefício de todos.

PAPEL DO JORNALISMO CULTURAL
Marcelo de Castro · Campina Grande (PB)

As páginas de cultura dos jornais, de circulação local, regional ou nacional, trazem na grande maioria das vezes, matérias, reportagens ou artigos voltados para uma cultura que segrega parcela da população. Ora, se um faminto não tem acesso à comida, quiçá ao teatro, ao cinema, aos grandes eventos! Se não tem acesso ao “bê-a-bá”, quiçá às obras euclidianas, machadianas ou quaisquer outras obras de grande vulto!
Cultura para nós, chamados “letrados”, pode ser tudo isso citado acima. E, nos deliciamos com tais objetos. Porém, cultura também é saber “juntar as letrinhas”. Soletrar. Contar até dez. Pintar com giz-de-cera.
Porque os jornais não separam um pequeno espaço, na seção de cultura, para tentar estimular essa cultura primária? Essa resposta é fácil: pobre não compra jornal. O espaço do jornal é caro. Ou qualquer outra desculpa que atinja o vil metal. Pobre não compra jornal, mas o abastado compra. E, estimulando esse abastado a fazer algo pela cultura primária, pode surtir algum efeito, mesmo que pequeno. Onde está o caráter social do jornalismo? Ficou nos primórdios? O espaço é caro? Não precisa abdicar. Conquiste parceiros nessa idéia! As empresas têm seus projetos sociais e o espaço do jornal pode ser aproveitado por elas. Até incentivo fiscal existe para facilitar essa troca.
O que não é admissível é a desfaçatez, o mascaramento, o apartheid cultural que é promovido pelos impressos diários, semanais ou mensais.
Os espaços destinados à cultura tornaram-se uma grande agenda, onde até se paga para que matérias sejam publicadas. A revisão desse papel do jornalismo cultural deveria ocorrer de imediato, para que os meios de comunicação possam ajudar tirar o atraso que se encontra a educação brasileira.

Jornalismo Ambiental

Desculpem mas eu não resisti, vou publicar outro artigo sobre Jornalismo ambiental. Na verdade ele dicorre sobre a importância da mídia na conscientização ambiental, porém gostaria de resaltar que esta conscientização pode se estender para qualquer segmento da sociedade.

A importância da mídia na conscientização ambiental

Eliana de Souza Lima*

A comunidade internacional deu passos decisivos para o que hoje poderia ser chamado de globalização dos problemas ambientais, quando há quase oito anos, as atenções do mundo se voltaram para o Rio, onde acontecia a Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. A partir daí, a imprensa começou a noticiar mais sobre meio ambiente. De lá para cá, reportagens e artigos sobre os mais variados assuntos dentro da pauta ambiental vêm sendo publicados e veiculados nas diversas mídias. O meio ambiente é objeto de investigação constante desde então. Hoje, não existe um jornal, seja ele impresso ou eletrônico, que se recuse a noticiar algum acontecimento da esfera ambiental. O meio ambiente é importante demais para que a mídia o ignore. Espero somente que não seja mais um modismo.
Alberto Dines disse que um dos pilares da tríade interativa das ações jornalísticas é a ética, "porque somos responsáveis pelos efeitos de nosso trabalho e das nossas intervenções no processo." Seria então a mídia responsável pelo aumento de conscientização da população acerca dos problemas ambientais? Eu diria que sim, somado ao esforço contínuo de ONGs ambientalistas e órgãos do governo, preocupados com a devastação do meio ambiente. Contudo, a mídia precisa se conscientizar ela mesma que o que publica ou veicula vai afetar diretamente a vida do cidadão. No entanto, em muitas ocasiões o que é divulgado, seja sobre desastres ambientais ou uma lei que beneficie o meio ambiente, não é vinculado ao dia-a-dia da população. Um exemplo: outro dia uma reportagem de TV mostrava que a represa de Guarapiranga na Grande São Paulo estava sendo urbanizada em sua orla. O repórter falou sobre as construções irregulares, entrevistou os "grileiros" do local e engenheiros; foi à Prefeitura paulistana verificar se realmente aqueles proprietários detinham a posse da terra. Mas se esqueceu de um fator fundamental: a água. Sim, a água da represa, que poderia estar sendo contaminada com o despejo dos esgotos domésticos das construções irregulares que ele noticiava. Acabou a matéria e ele não procurou os órgãos ambientais, como a Cetesb, para realmente averiguar se havia a contaminação da água. A água que o cidadão recebe em sua torneira e que para ser tratada passa por um caro processo, e que, quanto mais suja, mais encarece este processo de limpeza. Onde está a relação com o dia-a-dia da população?

A comunicação pode ajudar a educação

Os jornais noticiam que falta água, a ausência de chuvas há meses, mas não mostram o desperdício da lavagem diária de calçadas e de carros nos lava-rápidos e postos de gasolina. A mídia precisa conscientizar-se de que ela faz muitas vezes o papel de educador. Que muitos que a leêm e a assistem só possuem este canal para se informar; não freqüentam ou freqüentaram escolas, não têm acesso a livros. São pais que poderiam passar o conhecimento adquirido sobre as questões ambientais para seus filhos, de modo que estes não joguem papel pela janela do carro, contribuindo para entupir os bueiros em épocas de chuva. Quem é que sabe hoje como se faz para tratar a água suja dos rios, a água que bebemos? Muito poucos, com certeza, daí a cultura do desperdício, pois creêm que água limpa e disponível para todos existe em abundância, afinal o Brasil possui muitos rios.
O jornalista não faz o papel de educador porque lhe falta também uma formação específica no campo educacional e principalmente no científico. Colabora para isso a maneira como funciona ainda, infelizmente, o jornalismo científico no Brasil, que tem sido abordado segundo o vai e vem dos modismos. Durante a Rio 92 e no ano subseqüente, os grandes veículos mantinham setoristas nas dependências do Ibama. Passada a moda, o assunto perdeu espaço. Os cadernos especiais tranformaram-se em seções, e em seguida subseções. Não há, pelo menos no grau que se espera, por parte dos responsáveis pela formação dos jornalistas, uma preocupação com as questões científicas, incluindo as ambientais.

Noticiar meio ambiente também é jornalismo científico

O jornalismo científico não deve ser entendido como aquele noticiário comum dos jornais, revistas, rádios e estações de TV que, embora centralizados, às vezes, em questões comuns e corriqueiras, não revela o cuidado necessário no trato dos detalhes que se prendem a questões científicas. Como resultado disto, transmite ao público noções falsas e equivocadas, muitas vezes em prejuízo da saúde, do bem-estar e da própria segurança do cidadão em particular e da comunidade em geral. Para a má informação científica, que se constata a cada passo nos veículos de comunicação, contribuem vários fatores, entre os quais julgo que se devem destacar os seguintes, como os mais freqüentes e de maior impacto: 1) Má formação humanística e falta de cultura geral dos formados em cursos de comunicação social; 2) Informação incorreta das fontes; 3) Auto-censura da informação científica; 4) Falta de preocupação pela informação científica. Da constatação de todas estas deficiências da informação científica encontradas na imprensa, incluindo a Internet, concluo que é necessário e urgente dar novo tratamento a tudo o que se refere a conceitos científicos em qualquer órgão de divulgação, principalmente para que a informação científica, como qualquer outra informação, tenha o objetivo não só de informar, mas de formar e colaborar com a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Este é um trabalho que não depende exclusivamente do jornalista, mas também de suas fontes de informação, e principalmente, dos que geram a informação científica.

Nem sempre a culpa é do jornalista

Nota-se que a formação de jornalistas para o mercado de trabalho hoje impõe uma especialização cada vez maior de conhecimentos. Pode-se argumentar que há jornalistas que conseguem comunicar o que os especialistas sabem, mesmo sem nada entender do campo em questão, pois o negócio do jornalista é a comunicação. Mas esses profissionais permanecem na total dependência da orientação de pessoas nem sempre desejosas de contar o que está acontecendo. Muitos erros e deturpações apresentados pelas fontes seriam corrigidos ou mostrados criticamente, se jornalistas tivessem especialização nos setores que cobrem. Aliada às melhores concepções éticas e políticas, a especialização é uma garantia de um jornalismo a serviço da população. Temos inúmeros exemplos em nossa imprensa.
Uma alta qualificação, que o coloque em reais condições de apurar as informações e avaliar criticamente declarações de suas fontes, é um dos requisitos para aumentar o grau de liberdade e de influência do trabalho do jornalista. Concluindo, acredito que a formação dos jornalistas para o mercado é um trabalho que cabe à universidade. Cabe às escolas de comunicação e de jornalismo parcela significativa no processo de educar jornalistas, mas é preciso reconhecer suas limitações operacionais. Distribuir aos alunos iniciantes nos cursos de jornalismo a ilusão de que a simples freqüências às aulas os transformará em jornalistas do mais alto nível pedido pelo mercado é um ato que só contribui para alimentar insatisfações futuras. As escolas de comunicação e de jornalismo só poderão cumprir dignamente sua tarefa quando estiverem materialmente equipadas e pedagogicamente organizadas a partir de uma concepção de jornalismo ético e de serviço à população.

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*Eliana de Souza Lima é jornalista formada pela PUC Campinas e especialista em Jornalismo Científico pela Unicamp . Assessora de imprensa da Embrapa Meio Ambiente em Jaguariúna, SP e atualmente Diretora Administrativa da Associação Brasileira de Jornalismo Científico – ABJC, gestão 2001-2002

jornalismo cientifico

Todos os pontos abordados em sala de aula, sobre jornalísmo cientifico se encontram neste artigo.
Leiam e deixem um post.

Jornalistas e cientistas: uma relação de parceria

Graça Caldas*

A relação entre Ciência, Mídia e Sociedade passa, necessariamente, pela cidadania. A democratização do conhecimento é um pressuposto básico do exercício pleno deste direito constitucional. Neste final de século e virada de milênio, o acelerado desenvolvimento científico e tecnológico e seu impacto social é inquestionável. Como fazer, no entanto, para que C&T e qualidade de vida caminhem juntos? Como enfrentar o desafio de um desenvolvimento sustentável?
Em primeiro lugar, é essencial que a opinião pública compreenda os processos e os mecanismos da produção da ciência. Para isso a mídia exerce um papel insubstituível. É através dela, de seus múltiplos canais, que a população é informada sobre o que se passa nos laboratórios de pesquisa ou nos gabinetes dos dirigentes de cada país. O crescente interesse do cidadão comum pela ciência e a ampliação do espaço nos meios de comunicação a assuntos desta natureza, não é, porém, acompanhado por uma reflexão crítica da produção científica e tecnológica do país.
"Apesar da ênfase dada ao ambientalismo na mídia, a questão ainda é incipiente para a grande maioria dos profissionais de comunicação e mais ainda para o grande público. O meio ambiente já foi apontado como uma das principais mega-tendências para essa década e a virada do século. O tema passará a integrar cada vez mais o cotidiano da humanidade e os formadores de opinião, que atuando como agentes de informação e até de educação devem tomar consciência da grande responsabilidade sobre seus ombros" (Viá, 1993).
Normalmente, as reportagens veiculadas nos meios de comunicação limitam-se a relatar o produto acabado da ciência ou da tecnologia. A ciência fascina. Fascina a opinião pública e também fascina seus divulgadores. Fascina a tal ponto que o senso crítico do jornalista fica muitas vezes embotado pelas maravilhas das últimas descobertas do mundo científico. Não raras são as vezes em que os pesquisadores reclamam de distorções na divulgação da ciência, o que é compreensível. É grande a preocupação dos cientistas com a opinião de seus pares, diria até que bem maior do que com a opinião pública, que em última instância está pagando a pesquisa que produz.
Por outro lado, a discussão sobre a política científica, que mobiliza os pesquisadores em suas reuniões de trabalho, praticamente não aparece na mídia. Como são estabelecidas as prioridades para os financiamentos das pesquisas? As alocações de recursos estão vinculadas aos interesses sociais? Que áreas são determinantes para reduzir o gap tecnológico que afasta o Brasil dos países desenvolvidos? Em tempos de globalização, de abertura de mercado e de competição desenfreada, qual o papel que a Ciência e a Tecnologia ocupa?
Esses temas raramente estão presentes nas matérias científicas divulgadas na imprensa. As poucas reflexões ficam por conta de alguns pesquisadores que, via de regra, direcionam seus discursos para questões como recursos ou bolsas de estudo. Mais recentemente, a discussão tem girado sobre a necessidade de ampliar a divulgação da ciência, seja através da mídia, de museus ou de centros de ciências como a bem sucedida Estação Ciência da Universidade de São Paulo. Nunca se falou tanto em divulgação científica.
A disseminação do conhecimento científico parece, finalmente, ter se tornando uma bandeira dos próprios cientistas. Como disse Ernst W. Hamburger, em seu artigo "A importância dos centros de ciências", publicado na Folha de S. Paulo (16/10/97), Editoria de Opinião, p.3, "o que se sente é que existe uma verdadeira fome pelo conhecimento. Dada a oportunidade, o povo, seja universitário, seja morador de rua, quer compreender melhor o mundo".
Paralelamente à conscientização dos pesquisadores e dos dirigentes da área de C&T sobre a relevância da divulgação, verifica-se uma invasão maciça da pseudociência -- assuntos místicos e esotéricos --, na mídia mundial e na brasileira, em particular. Este fenômeno, que certamente vende jornais, está preocupando cientistas do mundo inteiro. Por que isto ocorre? Talvez porque, durante muito tempo os cientistas acharam que seus papers deveriam ser divulgados apenas nas revistas científicas. Trata-se, agora, de uma corrida contra o tempo para tentar reverter esta situação, que faz com que o povo termine sendo "educado" com mais informações da pseudociência do que sobre a própria ciência.
O interesse genuíno da opinião pública pela ciência já foi constatado no Brasil desde 1987 com a pesquisa do Instituto Gallup. Num universo de 2.892 pessoas entrevistadas, 70% mostraram interesse por C&T. Disseram que as informações veiculadas na mídia eram insuficientes e defenderam a ampliação dos investimentos em ciência do Produto Interno Bruto (PIB), para 5%, bem mais do que os países desenvolvidos, que aplicam cerca de 2 a 3%. Ainda hoje, uma década depois, esses recursos ainda representam 0,8% do PIB. O Ministro da C&T, Israel Vargas vem anunciando que até o final do governo de Fernando Henrique Cardoso essas verbas serão praticamente duplicadas, passando a 1,5% do PIB.
Dentro deste cenário, o fato é que a mídia vem fazendo a sua parte. Nos jornais, nas revistas, nas emissoras de rádio ou de televisão surgem freqüentemente novos espaços para a divulgação dos avanços da ciência e da tecnologia. O que ocorre é que esses espaços não são ocupados de uma forma crítica e analítica. Limitam-se, apenas, a reproduzir o produto, sem sequer mostrar seu processo com os erros e acertos que fazem parte de qualquer pesquisa. Este comportamento termina por produzir uma visão mítica da ciência. É na TV Cultura, com o programa "Brasil Pensa", criado em 1994, que encontramos uma reflexão sobre os caminhos e perspectivas da ciência e da tecnologia.
Apesar dos avanços tecnológicos e científicos alcançados neste final de século e das novas descobertas que estão se delineando nos mais diferentes campos, o homem continua conhecendo quase nada de si mesmo, do mundo em que vive e dos efeitos dessas conquistas nas mais diversas áreas para a sua vida cotidiana. Não tem controle algum das mudanças que se sucedem, porque não as entende. Não participa e nem fica informado sequer do percurso da produção da ciência. Não tendo consciência dessas transformações, não pode participar, influenciar as políticas científicas. Fica, portanto, sofrendo seus efeitos, sem sequer saber de onde eles vêm.
Dubos (1972) já mostrava a importância do jornalismo científico ao afirmar que "já é chegado o tempo, quando devemos produzir, ao lado dos especialistas, outra classe de estudiosos e de cidadãos que tenham ampla familiaridade com os fatos, os métodos e os objetivos da ciência e, assim, sejam capazes de fazer julgamentos a respeito das Políticas Científicas. As pessoas que trabalham na interface entre Ciência e Sociedade tornam-se essenciais, simplesmente porque quase tudo o que acontece na sociedade é influenciado pela ciência".
Em última instância, o conhecimento científico deve transformar-se em senso comum, em auto-conhecimento. "O conhecimento vulgar e prático com que no cotidiano orientamos nossas ações e damos sentido à nossa vida. A ciência moderna construiu-se contra o senso comum, que considerou superficial, ilusório e falso. A ciência pós-moderna procura reabilitar o senso comum para reconhecer nesta forma de conhecimento algumas virtualidades para enriquecer a nossa relação com o mundo" (Sousa Santos, 1987). Cabe à mídia, portanto, atuar como mediadora entre a ciência e a sociedade.
Mídia e Ciência - A ótica do jornalista na divulgação da ciência, quase nunca coincide com a do cientista. Por que isso acontece? Afinal, a curiosidade pelo conhecimento e a observação dos fatos fazem parte da rotina de trabalho de ambos. A diferença fica por conta do método e do tempo disponível para a investigação. Talvez os jornalistas e cientistas observem o mundo, a realidade, a informação, de forma diferente. Se por um lado o jornalista é movido pela atualidade dos fatos que imagina serem de interesse da opinião pública, o cientista persegue a explicação para esses mesmos fatos através de hipóteses que formula apoiado numa prática metodológica de pesquisa mais rigorosa, que lhe permita encontrar respostas e explicações para os fenômenos estudados.
Na verdade, apesar das polêmicas e dos conflitos na relação entre cientista e jornalista, que vêm se arrastando há pelo menos duas décadas, é inegável que o profissional da comunicação exerce um papel fundamental na interface entre ciência e sociedade. Como agente mediador entre esses dois pólos, sua responsabilidade é ímpar na disseminação do conhecimento científico e tecnológico. Entretanto, para evitar o sensacionalismo e as distorções na divulgação da informação, jornalistas e cientistas devem atuar em parceria, procurando cada um compreender o método e o processo de trabalho do outro: da produção científica e da produção da notícia. Só assim será possível uma colaboração mútua para uma divulgação competente da C&T.
Ao jornalista cabe entender que a ciência trabalha com um sistema de dados, hipóteses, teorias e técnicas e ao cientista, que o jornalista tem um prazo para fechamento da matéria que pode variar de horas a uma semana ou, no máximo um mês, quando se tratar de revista especializada. É preciso que jornalistas e cientistas percebam que o laboratório da sociedade é muito maior e mais complexo que o de uma instituição de pesquisa ou de uma redação de jornal.
Jornalistas X Cientistas - A divulgação competente da ciência passa, necessariamente, pelo formação do jornalista. É necessário compreender o papel da ciência, seu potencial e limites, bem como ter claro que a produção da C&T depende, necessariamente, de sua relação com o Estado e a sociedade.
Partindo deste pressuposto, como deve atuar um jornalista científico? Sua linguagem, embora dirigida ao leigo, deve ser acompanhada de um rigor científico na precisão da informação. A decodificação dos jargões técnicos a partir do ponto de vista do leitor é essencial para a elaboração adequada da informação a ser veiculada.
Na apuração, a diversidade das fontes deve ser um princípio básico. Não se trata apenas de ouvir o outro lado como mandam os manuais de redação. Em se tratando de assunto científico, todo cuidado é pouco para evitar um erro ou até mesmo ser instrumentalizado pelo cientista. Na elaboração do texto, é necessário contextualizar os fatos observados em toda a sua dimensão política e histórica. Na divulgação da ciência e da tecnologia, a informação meramente factual é um desserviço à opinião pública. O jornalista não pode esquecer-se de seu papel educativo.
E o cientista? Quais seriam os princípios básicos que devem nortear seu comportamento na relação com o jornalista? Em primeiro lugar, deve ter claro que a democratização do conhecimento científico depende de sua colaboração. É de sua responsabilidade divulgar a ciência que produz. Nunca é demais lembrar que cabe ao Estado, através dos impostos públicos, que impõe ao cidadão, o financiamento da pesquisa.
Procurar compreender o imediatismo dos meios de comunicação e colaborar com o jornalista na divulgação de sua pesquisa é tarefa do pesquisador. Deve também, sempre que possível, fornecer material impresso em linguagem acessível, para fundamentar melhor o trabalho do jornalista. Procedendo desta forma, estará correspondendo ao interesse popular pela ciência e ajudando a reduzir as "confusões" criadas pela pseudociência. A responsabilidade da divulgação deve ser compartilhada entre cientistas e jornalistas.
Imprensa e Meio Ambiente - Na sociedade de espetáculo, onde a informação é uma mercadoria como outra qualquer, a indústria cultural banalizou o papel da imprensa, que parece esquecer-se de sua responsabilidade social na formação da opinião pública para transformar-se em mais uma empresa em busca do lucro. Dentro deste cenário pouco animador, a questão ambiental assume uma proporção especial. Isto porque, como lembram René Dubos e Barbara Ward, em livro publicado em 1972 nos Estados Unidos, "Only one Earth", o planeta Terra é um só e não podemos deixar de lutar por sua preservação, sob o risco do desaparecimento de toda a Humanidade.
Os limites do crescimento econômico e demográfico foram apontados nos relatórios do Clube de Roma, publicados em 1974. O objetivo era chamar a atenção mundial para os problemas ambientais face à industrialização desenfreada. No Brasil, a ECO-92 realizada em julho, no Rio de Janeiro, parece ter acordado os dirigentes e políticos para as questões ambientais, principalmente o desflorestamento, poluição atmosférica, recursos hídricos e a necessidade de preservação da biodiversidade.
Como a aplicação dos três acordos principais gerados na ECO-92, a Declaração do Rio, a do Clima, a Agenda-21 e a Convenção sobre Biodiversidade, depende fundamentalmente de decisão política e de recursos, a política ambiental não pode andar dissociada da economia ambiental. Neste sentido, apesar da existência de fontes internacionais de financiamento para as pesquisas ambientais no Brasil, o papel do Congresso Nacional não pode ser esquecido. Em junho deste ano foi criada uma Frente Parlamentar em Defesa do Sistema Nacional de C&T. A iniciativa deve contar com a colaboração dos cientistas em geral e dos pesquisadores da área ambiental em particular, para que ciência e tecnologia sejam encaradas como ferramentas do desenvolvimento do país, um desenvolvimento sustentável, que não permita o esgotamento dos recursos naturais.
Uma das peças chaves para a conscientização social da necessidade na preservação do Meio Ambiente é a Educação Ambiental. Sua importância já foi reconhecida pelos autoridades educacionais que implantaram disciplina com o mesmo nome nos currículos escolares. A Educação Ambiental virou até mesmo peça de marketing de empresas aflitas por melhorar sua imagem junto à opinião pública. É preciso, porém, tomar cuidado com esses modismos e verificar até que ponto a retórica transforma-se em ações concretas.
O exercício da cidadania ambiental só pode ser efetivado aqui em Campo Grande, no Pantanal, no resto do Brasil, se houver uma ação conjunta de cientistas e jornalistas atuando em sintonia com a sociedade brasileira. Os ecossistemas que formam o Pantanal, assim como os demais ecossistemas brasileiros devem ser amplamente divulgados. O conhecimento da importância da manutenção da diversidade florística (vegetação ) e faunística do Pantanal precisa ser disseminado para a sociedade em geral através da mídia. Sua divulgação não pode, no entanto, prescindir de explicações claras e convincentes.
As estratégias de divulgação não devem, porém, se limitar à mídia convencional. As formas alternativas de comunicação existentes nas universidades, instituições de pesquisa, escolas, museus, entidades sindicais e civis, associações de bairros, todas elas precisam fazem parte desta cadeia de informação pela preservação ambiental. Afinal, a Terra é uma só e de todos nós.
Graça Caldas é Jornalista, professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UMESP, pesquisadora-associada do Labjor-Unicamp, Coordenadora do Curso de Jornalismo e Diretora da Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas da UMESP e Diretora Acadêmica da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC)

Jornalismo Ambiental

Encontrei um artigo muito imteressante sobre Jornalismo ambiental, leiam que é bastante discutivel.

Jornalismo Ambiental: navegando por um conceito e por uma prática

Wilson da Costa Bueno*

A cobertura do meio ambiente brasileiro tem experimentado , nos últimos anos, um razoável incremento em virtude da emergência de temas relevantes e controversos, como transgênicos, mudanças climáticas, biodiversidade e biopirataria, conhecimento popular, segurança alimentar, consumo consciente e a expansão desordenada do agronegócio, entre tantos outros.
A prática, no entanto, não tem sido acompanhada por um esforço sistemático de definir os limites desta área e de refinar conceitos; pela realização de pesquisas para avaliar, qualitativa e quantitativamente, o perfil desta cobertura ou mesmo pela validação deste esforço pelo meio publicitário, que insiste, equivocadamente, em ignorar as mídias ambientais.
Um olhar, ainda que ligeiro, sobre a cobertura do meio ambiente evidencia, de imediato, a necessidade de se contemplar realidades e instâncias distintas no processo de produção jornalística que se orienta para esta temática. Isso porque a cobertura apresenta singularidades quando se considera a imprensa de informação geral ou de negócios, a imprensa segmentada ou especializada em meio ambiente, ou ainda quando se focaliza, especificamente as diversas mídias ou ambientes midiáticos, como o rádio , a TV e a Internet. Em virtude das peculiaridades de cada mídia (sistemas de produção, recursos de expressão e interação, formas de recepção) e do perfil de sua audiência, o discurso varia assim como sua capacidade de influência.
Há uma diferença essencial entre a qualificação da cobertura que é empreendida pela mídia especializada, esteja ela sob a responsabilidade de editoras comerciais ou de jornalistas empreendedores e combativos, e a da grande imprensa, respaldada por interesses quase sempre conflitantes com as demandas da maioria da população e, sobretudo, dos segmentos menos favorecidos. Deve-se, sobretudo, destacar, neste cenário impressionista aqui traçado, os jornalistas competentes e combativos que comandam excelentes projetos editoriais , sites de notícias, programas de rádio e de TV, enfrentando, aqui e acolá, as dificuldades de se fazer bom jornalismo num país que está se acostumando aos "reality shows" e à imprensa não investigativa. Citá-los pode ser uma decisão arriscada, já que, necessariamente, pelas falhas comuns à memória de quem anda sempre estressado (e qual jornalista não se sente assim , hoje em dia?), nomes importantes podem ser esquecidos. Mas, obrigatoriamente, a recuperação da trajetória do jornalismo ambiental brasileiro conduz a colegas como Washington Novaes, Vilmar Berna, Roberto Villar, Carlos Tautz, Teresa Urban, Eduardo Geraque, Adalberto Marcondes, André Trigueiro, Juarez Tosi, Maria Zulmira de Souza, José Alberto Gonçalves Pereira, Regina Scharf, Liana John, André Muggiati, Hiran Firmino e muitos outros. Eles representam uma plêiade de jornalistas, capacitados e investigativos, que têm escrito com competência a história do nosso jornalismo ambiental.
Embora algumas publicações de caráter comercial possam, pela interferência mesma dos grandes interesses em jogo, afrontar , às vezes, os limites (que devem ser sempre respeitados) entre a informação e o marketing, elas têm cumprido papel importante na circulação de informações sobre meio ambiente , em suas múltiplas perspectivas ou temasl (água, biotecnologia, energia, agroecologia, saneamento etc) . Na prática, serão cada vez mais respeitadas à medida em que estiverem comprometidas com uma visão moderna , abrangente e adequada das questões que afetam o meio ambiente.
As agências de comunicação, os institutos, as associações e as ONGs que mantêm, com regularidade, seu sistema de produção de notícias (sites, jornais ou newsletters) também se enquadram neste perfil, favorecendo, amplamente, o processo de democratização de informações ambientais.
As maiores ressalvas (e há razão para que isso ocorra) são feitas, geralmente, à grande imprensa e aos sistemas monopolísticos de comunicação brasileiros que , com raras exceções, têm se utilizado do meio ambiente como forma de aumentar a audiência, restringindo-se aos acidentes ambientais que integram o circuito viciado da chamada notícia-espetáculo. Da mesma forma, pela expressão de seu compromisso comercial e político, têm dado voz apenas aos representantes dos grandes interesses, às fontes oficiais, agindo de maneira preconceituosa e desleal com entidades da sociedade civil que exercem vigília permanente para defender os consumidores, os pequenos produtores rurais, os povos da floresta, os agricultores familiares e os excluídos da terra.
O compromisso da mídia de massa no Brasil com o modelo agropexportador, apoiado na "big science", a tem colocado num dilema: seguir o que indicam os olhos e a razão ou ceder à lógica do capital, que sugere (ordena?) apostar, cegamente, no lucro. Invariavelmente, ela tem preferido a segunda opção, mais cômoda e mais rentável, buscando enxergar os problemas ambientais a partir de escritórios refrigerados e de fontes que não escondem os seus vínculos com as multinacionais das sementes, agroquímicas, de biotecnologia ou aquelas que patrocinam o chamado "deserto verde".
A cobertura da grande imprensa vive à mercê dos "a convite de" e frequenta, com desenvoltura, as coletivas das grandes empresas, que pautam notícias e editoriais , a eles se aliando para criminalizar o movimento ambientalista, o movimento dos sem terra e mesmo aqueles segmentos desmobilizados da sociedade (indígenas, populações ribeirinhas, caboclo nordestino, favelado etc) que, normalmente, não fazem movimento algum.
Neste espaço midiático, o jornalista ambiental quase sempre se sente isolado, constrangido, pressionado, alimentando uma desesperança que o obriga, mesmo com a sua determinação e perseverança, a buscar outros caminhos. É fácil constatar este fato, quando se é surpreendido com a saída de colegas que há décadas enriqueciam a cobertura ambiental nas redações dos nossos jornalões, como o Estadão e a Gazeta Mercantil, para só citar dois casos.
O jornalismo ambiental , no entanto, atravessa um momento de transição e é possível, apesar dos lobbies das multinacionais, da omissão do Governo, da cumplicidade de setores da comunidade científica, enxergar novas possibilidades para o futuro.
A migração das novas gerações para a Internet, o fortalecimento das rádios comunitárias e o surgimento de vigorosos jornais locais; a ampliação do debate nas escolas de jornalismo, o aumento da consciência dos consumidores, a competência das ONGs e a inevitável necessidade de compatibilizar desenvolvimento e respeito ao meio ambiente farão surgir alternativas novas para o jornalismo ambiental. Ao mesmo tempo em que a pressão dos grandes interesses aumenta, a resistência se fortalece e há uma contaminação (esta saudável, diferententemente da dos agrotóxicos) que se irradia em defesa do planeta seriamente ameaçado. Pouco a pouco, os cidadãos, mesmo os de idade mais jovem, irão tomando consciência de que não apenas os mico-leões dourados e as baleias estão ameaçados de extinção e virão integrar esta legião crescente de consumidores (e defensores) da informação ambiental.
É preciso que os comunicadores ou jornalistas ambientais estejam conscientes de que esta é uma atividade que requer militância, compromisso, capacitação, ética e profissionalismo.
O jornalismo ambiental, neste novo conceito e nesta nova realidade que estão sendo plasmados agora, passa a incorporar uma visão inter e multidisciplinar, que extrapola os limites do cadernos e das editorias, porque a fragmentação imposta pelo sistema de produção jornalística fragiliza a cobertura de temas ambientais. O jornalismo ambiental anseia por um conceito, que extrapole o do jornalismo científico tradicional (comprometido com uma parcela significativa da comunidade científica que tem privilegiado a continuidade das suas pesquisas, sem contextualizar as suas repercussões), que não se confunda, em nenhuma hipótese com o jornalismo econômico (impregnado pelo canto de sereia do modelo agroexportador , da revolução tecnológica a qualquer preço e da apologia das aplicações rentáveis do capital financeiro) e que não se apoie no jornalismo cultural, quase sempre tipificado pelo diálogo surdo das elites.
O jornalismo ambiental deve construir o seu próprio "ethos", ainda que compartilhe parcela significativa de seu DNA com todos os jornalismos (especializados ou não) que se praticam por aí. Simplesmente porque comprometido com a qualidade de vida e com o efetivo exercício da cidadania , ele não pode reduzir-se à sedução do progresso tecnológico, do esforço quase sempre socialmente injustol pelo aumento do PIB e da produção de grãos , ou espelhar-se no egoísmo desmobilizado da intelectualidade brasileira.
O jornalismo ambiental deve propor-se política , social e culturalmente engajado, porque só desta forma conseguirá encontrar forças para resistir às investidas e pressões de governos, empresas e até de universidades e institutos de pesquisa, muitos deles patrocinados ou reféns dos grandes interesses. O jornalismo ambiental não pode comprometer-se com a isenção porque participa de um jogo amplo (e nada limpo) de interesses. Não deve admitir-se utópico porque fundado na realidade concreta, na luta pela qualidade do solo, do ar, da água, da vida enfim. O jornalismo ambiental não deve, especialmente, ser visto apenas como o exercício de uma atividade produtiva e remunerada, como a maioria das que estão disponíveis para os profissionais liberais, em todo o mundo, inclusive para a maioria dos jornalistas . O jornalista ambiental (e é isso que precisa ser trabalhado nas escolas e nas redações junto aos profissionais de imprensa do futuro) tem um compromisso que se estende além da jornada de trabalho. Consciente e capacitado, ele será militante sempre. Qualquer outra alternativa, conduz, inevitavelmente, à capitulação.

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*Wilson da Costa Bueno é jornalista, professor do programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP e de Jornalismo da ECA/USP, diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa.

Orientações em Jornalismo Especializado

Hoje recebemos orientações da professora Cintia para elaboração das pesquisas em Jornalismo Especializado.
Cada grupo tem publicações, blogs ou bibliografias específicas para leitura e avaliação crítica.
O material de cada grupo está no disco virtual. Consultem e vamos pesquizar...

Pesquisas em Jornalismo Especializado

A aula de hoje foi utilizada para a divisão dos grupos de pesquisa em Jornalismo Especializado e seus integrantes.
Os grupos serão:
Jornalismo Ambiental
Jornalismo Científico
Jornalismo Comunitário
Jornalismo Cultural
Jornalismo Econômico
Jornalismo Esportivo
Jornalismo Feminino
Jornalismo Político

Seminarios de Jornalismo especializado

Entre os dias três e dez de outubro, aconteceu o primeiro seminário da disciplina de jornalismo especializado. Os temas foram variados, gerando muitos debates em sala de aula. Confiram os grupos e suas reflexões:

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