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O empobrecimento do texto informativo

Continuação do texto: A proposta de um jornalismo político-sociológico
Autor: Carlos Alexandre de Carvalho Moreno

A própria rotina da comunicação jornalística é em certos casos a principal responsável pelo empobrecimento do texto informativo. Ou seja, é mais fácil noticiar uma novidade sobre a fome, que é dramaticamente visível, do que promover, através de uma reportagem investigativa, a compreensão do problema social em toda a sua complexidade.
A opção pelo caminho supostamente mais fácil em termos mercadológicos tem feito com que na imprensa o entretenimento seja privilegiado em detrimento da informação real. Um exemplo disso pode ser percebido no grande espaço que as variedades, os relatos sobre o mundo dos ricos e famosos, ocupam nos principais jornais.
Para o sociólogo Pierre Bordieu, os jornalistas estariam adotando a política da simplificação demagógica e oferecendo uma representação instantânea e descontinuísta do mundo. O efeito da mídia seria demagógico e despolitizante. E o mais grave, segundo o pensador francês, é que tal forma de produzir notícias prejudica justamente os que mais dependem dos meios jornalísticos para formar uma opinião acerca da realidade: os mais desprovidos economicamente e acima de tudo culturalmente. Dessa forma, o jornalismo parece estar realmente na contramão quando o objetivo é promover a Cidadania.
O leitor precisa saber o que se passa em cada lugar do mundo, pelo menos em relação às experiências mais importantes. Não vamos conseguir avançar se não tivermos uma imprensa que faça um acompanhamento. A informação é certamente o fundamento da análise e da opinião. E, no campo jornalístico, não se pode dizer que falte orientação técnica adequada.

A proposta de um jornalismo político-sociológico

Resumo: A proposta de um jornalismo político-sociológico
Autor: Carlos Alexandre de Carvalho Moreno

O Código de Ética homologado pela Federação Nacional dos Jornalistas aborda, em vários de seus artigos, questões relacionadas ao conceito de Cidadania. O artigo 3º, por exemplo, prevê que a informação divulgada pelos meios de comunicação pública se pautará pela real ocorrência dos fatos e terá por finalidade o interesse social e coletivo.
Já o artigo 9º indica que é dever do jornalista: opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem; combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercida com objetivo de controlar a informação; respeitar o direito à privacidade do cidadão.
Além disso, o artigo 16º aponta que o jornalista deve pugnar pelo exercício da soberania nacional, em seus aspectos políticos, econômicos e sociais, e pela prevalecência da vontade da maioria da sociedade, respeitados os direitos das minorias.
Contudo, entre o direito e o fato, o código e o exercício, impõe-se a realidade nacional. Sociedade sem cidadania, profundamente autoritária, onde as relações sociais são marcadas com o selo da hierarquia entre superiores e inferiores, mandantes e mandados, onde prevalecem as relações de favor e de clientela, onde inexiste a prática política da representação e da participação, a sociedade brasileira sempre teve fascínio pelo populismo como forma da esfera pública da política. (CHAUÍ, 1992; p. 387)
Num contexto social como o descrito acima, apesar das recomendações da Federação Nacional dos Jornalistas), não chega a surpreender, como bem aponta Vieira, que a imprensa, que evidentemente faz parte da sociedade brasileira, não esteja cumprindo com a devida correção seu papel no sentido de promover a Cidadania:
Para Vieira caberia "à mídia desempenhar o seu papel de interface entre os distintos grupos e classes sociais confluindo-os para o ethos social almejado, orientando o cidadão de forma competente, no sentido de entender os seus problemas e de indicar soluções para eles".
É obrigação dos meios de comunicação, desempenhar, exercer o debate público sobre questões cruciais que atravancam o acesso de grande parte da população à educação que prepara não apenas para a vida profissional, mas também e principalmente para o convívio social entre os cidadãos.
Afinal, talvez agora seja o momento de fazer valer aquele que foi definido como um ethos próprio para os jornalistas. Nas palavras de Nelson Traquina, "nomeadamente o de um comunicador desinteressado que não só serve à opinião pública e constitui uma arma imprescindível em democracia contra a tirania insensível ou quaisquer eventuais abusos de poder, mas também que se sente comprometido com a verdade".

Valorização da profissão

Jornalistas autônomos se encantam com os pequenos benefícios (presentinhos, viagens, status) e muitas vezes simplesmente esquecem a ética e o profissionalismo.
Os jovens egressos da universidade se dispõem no mercado a qualquer custo pessoal, inclusive baixos salários. Muitos exploram essa mão-de-obra à exaustão.
Nós, universitários precisamos valorizar a categoria escolhida, procurar informações em sindicatos e fazer valer nossas conquistas. Já existem muitos no mercado para empobrecer o jornalismo com entretenimento barato e muita falta de ética.
Como encontrar uma solução para estes dilemas?

Superação: o cenário social como foco da mídia

Continuação do texto: Lugar do jornalista: no centro das tensões
Autora: Cremilda Medina

A autoria no jornalismo não se mistura. Em muitos casos, jornalistas da pauta econômica e jornalistas da pauta política competem em status profissional (o que se reflete em níveis salariais). O Quarto Poder, representado pelo universo da política, ainda hoje manifesta o desejo de migrar para o profissionalismo liberal da globalização econômica.
E essa sedução foi alimentada pelas facilidades da tecnologia. O mundo do trabalho se altera rapidamente e os jornalistas, autônomos ou grupalizados em pequenas empresas de serviços informativos, se entusiasmam com os possíveis ganhos materiais e simbólicos.
Os "astros" do jornalismo que assim se apresentam no mercado assinam, mais do que nunca, os espaços do direito da livre expressão, ideal do século XIX. Quanto às mediações sociais, o direito social à informação promovido pelos repórteres anônimos, caberia aos jovens egressos da universidade atender à coletividade, a qualquer custo pessoal, inclusive baixos salários.
Há quem acuse o despreparo, desqualificando, do alto da tribuna de opinião ou no chute livre de palestras públicas, esses jovens que saem das escolas de Comunicação. Poucos os veteranos que os acolhem com generosidade, muitos os que exploram essa mão-de-obra à exaustão. Dois fatos merecem relevância para quem acompanha geração a geração os alunos de Comunicação Social em universidades públicas e privadas.
O caldo cultural em que se configuram essas tendências sem duvida provém da construção democrática, na qual a comunicação social ganha significados mais desafiadores do que um quarto e limitado poder. Com muito mérito, diga-se de passagem. A cena social, no entanto, é infinitamente mais dramática do que as crises políticas e seus protagonistas imediatos. O jornalista, como repórter cúmplice e criador responsável, pode deixar sua assinatura na superação do caos em um cosmo emancipatório.

Jornalista: mediador de tensões

Os textos lidos em sala de aula nos propõem discussões interessantes. Cremilda Medina diz que o lugar do jornalista é o centro das tensões. Dando significação aos acontecimentos, cruzando dados políticos, econômicos, culturais, artísticos, filosóficos, religiosos ou provenientes das sabedorias locais. O jornalismo, na sua plenitude, exerce a mediação das tensões.
Os jornalistas estão preparados para lhe dar com tamanha responsabilidade?
Divulgar informações com ética e responsabilidade social, de modo a auxiliar o cidadão a criar uma opinião própria através da reflexão dos dados recebidos.
Participem, deixe seu comentário!

Lugar do jornalista: no centro das tensões

Resumo
Autora: Cremilda Medina
Imprensa, rádio, televisão, revistas semanais ou jornalismo on-line foram tomados pela informação de acento político. Ninguém perde tempo em analisar se a mídia impressa aprofunda mais do que a mídia eletrônica, se a velocidade da internet atropela ou não o periódico. Pelo contrário, os fatos jornalísticos vão se sedimentando com a colaboração multimídia.
Este recorte contemporâneo aponta também para o eixo do profissionalismo que se concentra no repórter, mediador social por excelência. A captura das informações e a capacidade de articular nexos dão ao repórter condições interpretativas e autorais invejáveis; o jornalista que descobre, observa, ouve e rege a polifonia e a polissemia social.
Um jornalista jovem, ou maduro, atualizado vive outra motivação enquanto produtor cultural: dar significação aos acontecimentos, cruzando dados políticos, econômicos, culturais, artísticos, filosóficos, religiosos ou provenientes das sabedorias locais O repórter-autor, capaz de relacionar os múltiplos significados da realidade, está multo adiante, como profissional, daquele velho setorista de imprensa da primeira metade do século passado ou do jornalista especializado da segunda metade.
O jornalismo, na sua plenitude, exerce a mediação das tensões. A reportagem, ao captar as múltiplas verdades da guerra simbólica, sem perder a referência da coletividade, desmascara a verdade absoluta e as verdades particularizadas.
O jornalismo contemporâneo foi Além do Quarto Poder, porque a compreensão de poder se tornou mais complexa. Noções como inclusão e exclusão, qualidade de vida, direitos humanos e da natureza ultrapassam a esfera clássica dos poderes republicanos e da democracia liberal. O profissional que dá significado a tudo isso, ao narrar o que se passa à sua volta, não pode se ater às versões dominantes (direito divino), nem se constituir em tribuno (direito liberal) de determinadas motivações político-econômicas. Seu lugar é, acima de tudo, o da inquietude da viagem: o repórter se empenha no muito perguntar, muito ouvir e observar, muito pesquisar e estudar na batalha conflitiva dos sentidos.

Jornalismo Político: Democracia, Cidadania e Anomia

Resumo:
Autor: José Marques de Melo

O direito de informar e de receber informação constitui o fermento da cidadania, o oxigênio que nutre a vida democrática, convertendo o jornalismo e a democracia em irmãos siameses.
Quem melhor sintetizou o impacto sócio-político da imprensa foi o comunicólogo canadense Marshall McLuhan em seu livro A Galáxia de Gutenberg (McLuhan,1972), apontando três feitos produzidos pela cultura tipográfica:
a. Individualismo - libertando os componentes da tribo e convertendo-os em cidadãos capazes de constituir comunidades autônomas.
b. Nacionalismo - sedimentando as línguas escritas, através da literatura, e fomentando o sentimento nacional, capaz de gerar Estados independentes.
c. Espírito de crítica - estimulando a reflexão privada, através da leitura silenciosa, capaz de produzir sentidos estereotipados que convergem para a formação da opinião pública.
Por isso mesmo, a imprensa atemorizou os “donos do poder”, tanto civil quanto eclesiástico, motivando o advento do regime da censura prévia que durou quase 3 séculos, inibiu o jornalismo e conseqüentemente retardou a participação política.
A batalha pela liberdade de imprensa só alcançaria repercussão em meados do século XVII, quando Milton lança sua Aeropagítica. É, contudo, no bojo das democracias construídas pela Revolução Norte-Americana (1776) e pela Revolução Francesa (1789) que a liberdade de imprensa ganha legitimidade política, ensejando modelos que se reproduziriam em várias partes do mundo.
Não demorou a se configurar o período em que os jornais se tornariam tribunas partidárias ou porta-vozes de correntes políticas. Mas na medida em que a sociedade adquire maior o jornalismo deixa de gravitar exclusivamente em torno da órbita política, correspondendo a outras demandas sociais.
Foi inevitável a conversão da política em rubrica ou editoria dos jornais e periódicos.
A emergência do jornalismo político como categoria espacial demarcado na morfologia dos jornais/revistas (impressos ou eletrônicos), ensejando rotinas produtivas específicas, não
constitui fenômeno generalizado no atlas do jornalismo contemporâneo. Sua intensidade é maior em sociedades onde a democracia representativa ainda está em fase de sedimentação; nas democracias consolidadas ela é residual ou nula.
Kayser (Kayser, 1962) descreve a morfologia do “diário francês” de modo a sugerir que a
política perpassa toda a agenda jornalística, estruturada segundo critérios geopolíticos.
Na medida em que a sociedade adquire maior complexidade, o jornalismo deixa de gravitar
exclusivamente em torno da órbita política, correspondendo a outras demandas sociais.
O panorama é outro quando enveredamos pela bibliografia espanhola ou brasileira, cujas democracias são recentes e cujos jornalismos segmentam e dão tratamento privilegiado à política, entendida como gestão do Estado.
Nabantino Ramos (Ramos 1970, p. 188-189) explica que “a seção de Política registra as atividades desse gênero no âmbito federal, estadual e municipal, acompanhando de perto a marcha dos acontecimentos, a vida partidária, o trabalho dos corpos legislativos e os atos da administração pública que tenham implicações políticas”.
Beltrão faz a demarcação precisa do território, denotando a sua frutífera experiência como repórter parlamentar:
A reportagem política – a que está indissoluvelmente ligada a ação administrativa do poder público – é considerada como um serviço de orientação e informação fundamental para a imprensa, desde que diz respeito aos interesses transcendentais do Estado. Ao contrário dos demais setores, que se dirigem a um público mais ou menos limitado, o da informação político-administrativa interessa tanto aos políticos e homens de governo como às classes produtoras e trabalhadoras, aos profissionais liberais, aos intelectuais e artistas, aos universitários, enfim a todos os homens e mulheres cujo sistema de vida depende, naturalmente, das linhas traçadas pela política do Governo (Beltrão, 1969, p. 293-294).
(Seabra, O jornalismo político brasileiro “nasceu junto com a redemocratização pós-Estado Novo” , informando os leitores dos jornais sobre o cotidiano do Congresso Nacional – “os debates, as votações, os projetos”. A legitimação nacional só ocorreu quando alcançou e incluiu o grande público através das páginas da “maior revista do país, O Cruzeiro, que em meados de 1950 abre suas páginas para as análises políticas de Carlos Castelo Branco, o Castelinho, apontado por todos os jornalistas como o maior repórter político brasileiro de todos os tempos” (Seabra, 2006, p. 128).
Não importa a origem dos personagens envolvidos: se eles são de esquerda ou de direita, militares ou civis, governistas ou oposicionistas... O único compromisso do repórter é com a verdade.
Ao se fazer um balanço do percurso de nosso jornalismo político, avulta o desafio colocado aos profissionais da área: Hoje, a popularização de novos meios eletrônicos de comunicação (especialmente a internet e o telefone celular) vem promovendo novas transformações no jornalismo político. Os blogs e sites de notícias nos fazem lembrar a imprensa brasileira em seus primórdios, quando uma profusão de folhas alimentava o debate político e desancava a segurança dos poderosos (Seabra 2006, p. 130).
No bojo desse ambiente de conturbação surge o impasse com que se defrontam os profissionais da área: “Aderir ao modelo tornou-se tarefa mais arriscada, mas nem por isso afastada. Denunciar o modelo, sim, deve ser uma tarefa permanente. Mas este papel, hoje, não cabe apenas ao jornalismo” (Seabra 2006, p. 130).
A consequência evidente dessa vigilância coletiva a que se lançam as vanguardas politizadas é a de enfraquecer a democracia representativa, gerando descrença, ceticismo, pessimismo,
caldo de cultura adequado para suscitar um ambiente de perigosa anomia1 política.
Não é sem razão que ecoam vozes de perplexidade frente à situação, difundidas pelo contingente de jornalistas políticos que cruzaram a fronteiro do jornalismo e da política, a exemplo da jornalista recentemente nomeada para presidir nossa futura TV Brasil:
Os blogs vieram para ficar, são um espaço alternativo importante e alguns são feitos com grande profissionalismo... (...) Mas quando eles apenas abrigam a estridência e o proselitismo político dos seus patrocinadores, que nem sempre são jornalistas, trazem um desafio para o jornalismo profissional, inclusive o de opinião: o de provar que suas técnicas e seus valores éticos são superiores; (...) A chamada “blogosfera” se apropria de todo o material que foi checado, escrito ou editado, produzido e veiculado, pelo conjunto dos meios de comunicação (com custos para as empresas, inclusive). E a partir dele, produz o que não passa de opinião privada publicada, não raro distorcendo os fatos. E com a internet, esta opinião circula quase de graça.
Que fazer? Resistir? Desistir? Prosseguir? Prefiro a exortação do poeta: Debater é preciso!

Considerações iniciais sobre Jornalismo Especializado

Resumo:


Vários autores concordam com algumas características fundamentais do jornalismo. Entre elas estão atualidade, universalidade, periodicidade e difusão coletiva, que unidos possibilitam a compreensão do fenomêno jornalístico.

Existem jornalismos, que podem atuar ou cobrir algumas áreas específicas, preservando sua principal característica: a informação.

Assim, não é possível se falar em um jornalismo especializado, mas sim de jornalismos atuantes em áreas especializadas.

A linguagem jornalística prima por ser direta, informativa e rica em detalhes relevantes. Ela, também, pode ser carregada de elegância e estilo próprios do jornalista, que no decorrer do texto responde as questões básicas da informação: o quê?, quem?, quando?, onde?, como?, e por quê?

Na publicação especializada jornalística a primeira necessidade, é o conhecimento do público a que se destina, para adaptar a informação dentro de parâmetros específicos daquele grupo, não se esquecendo que a informação deve ser compreensível para o público geral.

O importante é que saibamos que o jornalismo é um só e temos que estar preparados para escrever sobre tudo, por mais que tenhamos interesse e/ou facilidade em escrever sobre um determinado tema. A preocupação do texto jornalistico é informar.

E você, concorda com a proposta do autor " não é possível se falar em um jornalismo especializado"?


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