Blogger Template by Blogcrowds.

A proposta de um jornalismo político-sociológico

Resumo: A proposta de um jornalismo político-sociológico
Autor: Carlos Alexandre de Carvalho Moreno

O Código de Ética homologado pela Federação Nacional dos Jornalistas aborda, em vários de seus artigos, questões relacionadas ao conceito de Cidadania. O artigo 3º, por exemplo, prevê que a informação divulgada pelos meios de comunicação pública se pautará pela real ocorrência dos fatos e terá por finalidade o interesse social e coletivo.
Já o artigo 9º indica que é dever do jornalista: opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem; combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercida com objetivo de controlar a informação; respeitar o direito à privacidade do cidadão.
Além disso, o artigo 16º aponta que o jornalista deve pugnar pelo exercício da soberania nacional, em seus aspectos políticos, econômicos e sociais, e pela prevalecência da vontade da maioria da sociedade, respeitados os direitos das minorias.
Contudo, entre o direito e o fato, o código e o exercício, impõe-se a realidade nacional. Sociedade sem cidadania, profundamente autoritária, onde as relações sociais são marcadas com o selo da hierarquia entre superiores e inferiores, mandantes e mandados, onde prevalecem as relações de favor e de clientela, onde inexiste a prática política da representação e da participação, a sociedade brasileira sempre teve fascínio pelo populismo como forma da esfera pública da política. (CHAUÍ, 1992; p. 387)
Num contexto social como o descrito acima, apesar das recomendações da Federação Nacional dos Jornalistas), não chega a surpreender, como bem aponta Vieira, que a imprensa, que evidentemente faz parte da sociedade brasileira, não esteja cumprindo com a devida correção seu papel no sentido de promover a Cidadania:
Para Vieira caberia "à mídia desempenhar o seu papel de interface entre os distintos grupos e classes sociais confluindo-os para o ethos social almejado, orientando o cidadão de forma competente, no sentido de entender os seus problemas e de indicar soluções para eles".
É obrigação dos meios de comunicação, desempenhar, exercer o debate público sobre questões cruciais que atravancam o acesso de grande parte da população à educação que prepara não apenas para a vida profissional, mas também e principalmente para o convívio social entre os cidadãos.
Afinal, talvez agora seja o momento de fazer valer aquele que foi definido como um ethos próprio para os jornalistas. Nas palavras de Nelson Traquina, "nomeadamente o de um comunicador desinteressado que não só serve à opinião pública e constitui uma arma imprescindível em democracia contra a tirania insensível ou quaisquer eventuais abusos de poder, mas também que se sente comprometido com a verdade".

0 Comments:

Post a Comment



Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial