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Manual de redação da Folha

Continuação do resumo do texto: A proposta de um jornalismo político
Autor: Carlos Alexandre de Carvalho Moreno

O Manual de redação da Folha de S. Paulo (edição em CD-ROM, de 1995), por exemplo, determina que a análise do noticiário, que dá ao leitor a oportunidade de se aprofundar nos eventos, questões ou tendências, envolve a seguinte série de procedimentos:
a) O jornalista só deve tentar escrever uma análise depois de checar se dispõe de informações suficientes para sustentar suas conclusões;
b) Deve pesquisar a bibliografia ou os arquivos sobre o assunto;
c) Deve entrevistar os envolvidos;
d) Deve contextualizar o assunto;
e) Deve escrever um texto curto e de preferência com uma única linha de raciocínio;
f) Deve expor sua linha de análise logo nos primeiros parágrafos;
g) Deve expor seus argumentos em um crescendo, para tirar proveito da tensão criada pelo texto e facilitar a conclusão para o leitor;
h) Deve trabalhar com rigor técnico para que suas conclusões sejam conseqüências necessárias dos fatos que descreveu;
i) Deve cruzar as suas observações com dois ou mais especialistas no assunto, de preferência com posições divergentes;
j) Deve sempre utilizar números e estatísticas para dar mais credibilidade e objetividade às observações;
l) Deve ressaltar contradições e, para tornar seus argumentos mais claros, utilizar analogias;
m) Para que o texto de análise não fique desinteressante, deve recorrer a declarações inteligentes, famosas ou engraçadas sobre o assunto, além de mencionar casos históricos ou relevantes que guardem semelhanças com o tema abordado;
n) Deve, para que a análise tenha êxito, chegar a uma conclusão original.
Entretanto, a passagem desse jornalismo predominantemente precário que parece existir hoje em dia para notícias e reportagens de qualidade superior supõe não apenas aprendizagem técnica, mas, sobretudo, a existência de profissionais que sejam capazes de exercer a crítica. Nesse sentido, vale lembrar a ressalva de Robert Kurz: jornalismo político não é auto-ajuda capitalista, assim como o jornalismo econômico não pode ser reduzido a guia financeiro. O exercício responsável da crítica é a característica central do jornalismo político-sociológico que é defendido aqui.

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